O português é o idioma menos usado por Tony Ramos na TV. Nos últimos nove anos, dos oito trabalhos em que esteve, o ator foi gringo em cinco: em “As filhas da mãe” (2001), deu vida ao cubano Manolo Gutiérrez; na minissérie Mad Maria (2005), foi o americano Percival Farquhar; em “Belíssima” (2005), interpretou o grego Nikos Petrákis; e em “Caminho das Índias” (2008), encarnou o indiano Opash Ananda. Agora, é o italiano Totó Mattoli, em “Passione”. 

Apesar de ter tantos personagens de nacionalidades diferentes, Tony, que voltou há pouco tempo da Itália, ri ao ser chamado de poliglota.
— Eu não me considero um poliglota mesmo. Posso dizer que eu leio, escrevo e falo inglês, francês e espanhol, por gostar muito. Com o italiano, vou tendo contato e saio falando — afirma o ator.
Para compor o modo como seus tipos vão se expressar, há uma preparação intensa. É o que está acontecendo em “Passione”.
— Há uma professora de italiano sempre conosco. Nós tínhamos que entender bem o toscano, que é considerado o verdadeiro italiano, para desconstruí-lo e fazê-lo com um sotaque compreensível ao público. Você tem que ter a licença poética de criar esse “portuliano” ou “italiês”. Existindo paixão, o público vai junto. Foi assim com “Belíssima” — diz referindo-se à novela que o levou à Grécia. 

Já em “Caminho das Índias”, que carimbou seu passaporte para Índia, o método foi outro.
— Usamos o português com expressões em indiano. Porque nenhum de nós domina a cultura indiana. Tem que ter concessões — diz Tony, que afirma não levar expressão alguma para casa, liberta-se facilmente dos sotaques e deixa os personagens no estúdio quando o trabalho acaba: — Saio do trabalho, vou assistir a um futebol, ouvir Beethoven…