Se na história de “Chapeuzinho Vermelho” o Lobo Mau come a Vovozinha e fica de olho em sua netinha, na trama de “Passione” os papéis se invertem: a vovó Valentina, interpretada por Dayse Lucidi, está mais para lobo e faz maldades com a neta Kelly (Carol Macedo). A moça será explorada por ela de todas as formas, assim como aconteceu com Clara (Mariana Ximenes), sua irmã mais velha. 

— Valentina não tem nenhum escrúpulo, é muito má, judia das netas, tanto que Clara se mandou. Mas Kelly é diferente da irmã, é mais tímida, frágil, e minha personagem se aproveita disso — analisa Dayse.
E se aproveita mesmo. Por ter uma pensão clandestina, além de colocar a neta para fazer todo o serviço pesado da casa, ela vai entregá-la de bandeja para um cliente que tem influência na prefeitura. Valentina diz a Kelly que ela precisa convencê-lo a continuar protegendo a pensão dos fiscais do município. A menina fica desconfortável, tem medo de que ele a machuque, mas Valentina a manda parar de bobagem. E, quando o homem chega, já libidinoso, a vovó avisa: “Não falei que seu dia chegava? Ela está te esperando.”
— Valentina obriga a neta fazer qualquer coisa menos decente para manter a pensão aberta. Veste Kelly com roupa decotada, maquia a garota e a joga para o lobo — conta a atriz, que recebeu a personagem do próprio Silvio de Abreu: — Silvio era ouvinte das novelas da Rádio Nacional, que eu fazia muito. Ele me viu na novela do Gilberto Braga (“Paraíso tropical”) e lembrou de me chamar para a dele. 

’O peso da maldade’
Acostumada a papéis mais brandos, Dayse ficou surpresa com a personagem.
— Nunca dei vida a ninguém como Valentina. Sempre fui descente, comportada. Mas gosto de estar diferente, aparecer toda mal arrumada, gorda, sem a menor vaidade e com o peso da maldade — diverte-se.
E, justamente por isso, tem medo da reação do público?
— O elenco diz que vou apanhar na rua. É bem capaz mesmo. E se isso acontecer vai ser a glória!
Dayse afirma ainda que é muito difícil fazer mal para as netas da ficção, já que as duas são muito queridas.
— Elas me abraçam e me beijam quando me encontram. Não sei como vou machucá-las, porque gosto tanto das duas — diz, penalizada.