Vem aí Passione, a nova novela das oito. Mais uma trama de tema italiano, com as primeiras cenas gravadas no exterior e, como não poderia faltar, atores forjando um bom sotaque estrangeiro. Culpe Viver a Vida, que fica no ar até sexta e sofre com índices baixíssimos de audiência – então dá-lhe Itália para salvar o Ibope.
Sotaques noveleiros costumam ser motivo de deboche da crítica especializada porque são caricatos demais ou adaptados ao extremo - um dos casos, em Terra Nostra, de 1999, era o uso indiscriminado da interjeição “ecco” (que significa então!).
Os atores garantem que tentam fazer o melhor. “Todos passam por uma crise, uma fase de desespero. A gente quer falar italiano perfeitamente. Eu sofria só de pensar que meu personagem, que é italiano, vai falar português”, revela Marcelo Médici (foto), que interpreta o carteiro Mimi, habitante de Laurenza-in-Chianti, na Toscana. “Mas é preciso pensar no grande público, por isso a língua vira algo irreal. Em vez de ‘Io amo mia sorella’, tenho que dizer ‘Io amo mia irmã’, senão ninguém entende”, continua ele.
A Globo contratou a professora de Letras da USP Maria Cecilia Cassini, italiana de Florença, para dar o que eles chamam de “assessoria linguística de sotaque”. Sua principal orientação diz respeito à região onde se passa a trama: os toscanos são menos extrovertidos do que o estereótipo do italiano boa-gente, mais conhecido dos brasileiros. “Ela nos ensinou a falar de forma menos cantada”, conta o ator Daniel de Oliveira.
O italianês de Passione vai estrear no dia 17. Junto com ele vão ser introduzidas expressões originais que, evidentemente, a maioria do público não vai entender, mas vai adotar – a aposta é do próprio Médici. “Figurati” (imagina, que é isso!) e “magari” (talvez, vai saber…) são as “licenças poéticas” que devem se tornar gíria nos próximos meses.
