A Toscana onde vai se desenvolver boa parte de Passione, a próxima novela das 21h da Globo, será uma paisagem bem diferente daquela região dos campos banhados de sol, fixada na mente do público graças a filmes românticos como "Sob O Sol da Toscana" (Audrey Wells, 2003). Com uma equipe de 50 pessoas, entre elas 15 atores, a diretora Denise Saraceni capta há dez dias o fim do inverno italiano, em cenas que ocuparão os 60 primeiros capítulos da novela.
A previsão é que as filmagens durem cinco semanas, amparadas ainda por equipe de produção local. "Infelizmente - ou felizmente - as novelas não são como as estações do ano. O ideal seria gravar na primavera ou no verão, mas a novela vai estrear em maio", diz Denise.
A provável falta de luz quente para amarelar campos floridos, entretanto, não deve fazer falta, acredita a diretora - vai, sim, mostrar ao público uma Toscana longe do óbvio e adequada à história que Passione pretende contar.
"Começamos agora e, durante a novela, o tempo vai passar, e as paisagens vão se modificar", observa. "A novela é muito realista, e temos uma família que trabalha no campo. Então, essa época é perfeita para a agricultura, quando estão arando a terra. Nesse aspecto, vamos ganhar muito."
Na Itália, a equipe grava em Roma, em pontos puramente turísticos, como Vaticano, Castel de Sant''Angelo e Coliseu. As cenas gravadas ali farão parte de uma sequência em que o personagem Totó viaja a passeio com um de seus filhos, Adamo (Germano Pereira). Na Toscana propriamente dita, haverá gravações em Florença, Siena, Montepulciano, Monticchielo, San Quirico, Pienza, San Galgano, Corsano, Igreja San Giovani Batista, Montecchiaro, Frantoio, Monteriggioni, Locanda Della Amororosa, Buonconvento.
É a terceira viagem que ela faz à região para tocar esse trabalho. A primeira foi ainda no passado, quando acompanhou o autor Silvio de Abreu na pesquisa par ao desenvolvimento da trama.
"Ficamos 15 dias e fizemos uma pesquisa muito interessante para estruturar os personagens. Tudo isso para que ele escrevesse a novela a partir de uma realidade", explica.
Denise encontrou a reportagem num hotel em Ipanema dois dias antes de embarcar para a Itália e pouco antes de comandar a primeira leitura do texto de Silvio de Abreu feita pelos atores que compõem a família da matriarca Bete Gouveia (Fernanda Montenegro).
Mais comum em montagens de teatro, a leitura faz parte da pré-produção da novela, e tem o objetivo de estabelecer laços entre os atores que viverão integrantes da mesma família e seus empregados.
Na primeira cena, Bete Gouveia, que acaba de ficar viúva de Eugênio (Mauro Mendonça), pede a Clara (Mariana Ximenes), enfermeira de seu marido, que guarde um segredo. A moça, vilã da história, ouviu o marido de Bete revelar que o filho que ela julgara morto no nascimento está vivo, na Itália - é o camponês Totó, interpretado por Tony Ramos.
PONTE AÉREA - Até o capítulo 60, a novela se desenvolve entre São Paulo e a cidade fictícia italiana Laurenza-in-Chianti, onde fica o sítio do protagonista, que será erguida em cidade cenográfica no Projac, em Jacarepaguá. "A cidade cenográfica será um mix de tudo o que o Silvio e eu gostamos na nossa primeira viagem - pequenas ruelas, alguma arquitetura especial, o que havia de mais característico. Quem conhece a Toscana vai lembrar bastante, porque ela terá uma forte identidade com as cidades medievais da região", detalha a diretora.
Em São Paulo, onde Silvio de Abreu tradicionalmente ambienta suas novelas, grande parte da ação se passa no Tatuapé, na Zona Leste, numa rua fictícia da Zona Norte e no Ceagesp - todos no Projac.
"Mas a passagem pela Toscana não será uma daquelas típicas viagens de começo de novela", observa a diretora. "Essa novela especificamente é uma história de drama e comédia muito forte, em que a dramaturgia acontece nos dois lugares, São Paulo e Itália. Não é uma novela de paisagem. Por isso, ela é tão difícil de realizar."