Em “Passione”, novela que a Globo estreia no dia 17 na faixa das 21h, Tony Ramos vai interpretar Antonio Mattioli, o Totó. O personagem nasceu no Brasil, mas vive na Itália e é descrito pelo autor Silvio de Abreu como “um homem com coração e alma de italiano”.
Aos 61 anos e há 46 na TV, Tony está acostumado a viver personagens d’além mar. “Passione” será o quarto trabalho –dos últimos cinco na TV– no qual faz um estrangeiro.
De 2005 até agora, o ator paranaense, nascido em Arapongas (PR), foi brasileiro apenas em “Paraíso Tropical”, como o empresário Antenor Cavalcanti. Nas demais, viveu um americano, um grego e um indiano.
Segundo Silvio de Abreu, que também escalou Tony como o grego Nikos de “Belíssima”, o personagem italiano estava prometido ao ator há tempos.
“Tony é um excelente ator, de uma emoção verdadeira e que está sempre disposto a aprender mais –e isso inclui outras culturas”, diz Silvio.
Tony acredita que a recorrência no papel de estrangeiro é “mera coincidência”. Ele admite, porém, que seu tipo é “multirracial”, fruto da ascendência, que mistura sangue português, espanhol, inglês e italiano.
O ator conta que recorre até ao dicionário de alemão para ler poemas no idioma original. E concorda com o novelista sobre seu interesse em conhecer outras culturas e línguas.
“Viajar para mim não é só olhar por olhar, é olhar o lado de lá do cartão-postal. E é o que eu faço como ator”, afirma.
Preparação
Na lista de seus destinos favoritos estão Portugal, Espanha, França, Escócia, Irlanda e Japão. E será que daria para viver um japonês?
“Aí seria um exagero. Mas porque não um cônsul brasileiro no Japão ou um empresário que vive no Japão?”, sugere.
Para chegar à “musicalidade” –que ele diz transcender o sotaque– de seus estrangeiros, Tony faz uma preparação que envolve desde assistir a filmes a fazer uma longa estada no país onde nasceu o personagem.
Por opção pessoal, ele chegou à Itália antes de a produção da novela começar. Ao todo, passou quase dois meses por lá.
Procurou pequenos produtores, colheu azeitonas, conheceu o processo de fabricação do azeite de oliva e até dirigiu um trator. Isso tudo porque Totó é um pequeno agricultor na Itália e virá ao Brasil quando sua mãe, interpretada por Fernanda Montenegro, reencontrá-lo.
“Isso tudo [a experiência no campo] aconteceu comigo, ninguém foi me contar.”
A preparação envolveu também aprender o idioma. Tony está fazendo aulas de italiano desde outubro para convencer no que ele chama de “portiliano”, um português com sonoridade e expressões italianas.
O recurso é diferente do usado para fazer o Opash de “Caminho das Índias”, que falava um português perfeito, apenas com expressões indianas.
“O mais difícil foi na Grécia, porque eu tinha que contracenar com atores gregos em grego. A minha atenção tinha que ser redobrada”, lembra.
Como todo ator, ele ressalta que não se trata só de fazer o sotaque, mas sim de encontrar a “alma” de seus personagens.
Representante
Como contrapartida do esforço na composição dos personagens, Tony diz desconhecer reações negativas a esses trabalhos. Pelo contrário.
“Não tem nada que pague aquele povo dizendo ‘parece o meu avô’ ou ‘parece o meu irmão’, ‘parece o meu tio’… Isso é a maior homenagem que um ator pode receber.”
“Os estrangeiros não só se sentem homenageados, como acabam homenageando quem os interpreta”, diz Silvio de Abreu. “Que estrangeiro não gostaria de se ver representado por um Tony Ramos?”