“Passione”, de Silvio de Abreu, poderia ter um subtítulo – “A Esperança”. Seria uma homenagem a Benedito Ruy Barbosa, autor de uma novela com este título, e a todos os autores que, desde a década de 50, vem usando e abusando da temática italiana na televisão brasileira. E seria também uma forma de expressar os muitos sonhos e expectativas que cercam esta nova produção. Vi no primeiro capítulo bons motivos para ser otimista, mas também algumas razões para temer pelo pior. Dez motivos, enfim, para ter esperança:
1 – Esperança que Silvio de Abreu mantenha o ritmo da estreia e cumpra tudo que prometeu, incluindo introduzir um crime misterioso lá pelo capítulo 100 e evitar o merchandising social. Que seja coerente e não se deixe levar pelas pesquisas e pelos primeiro números de audiência.
2 – Esperança que este elenco “galáctico” dê liga e tenha química. Como acontece no futebol, nem sempre um time rico em estrelas funciona. Ainda é cedo para fazer uma aposta neste sentido, mas é preocupante ver tantos galãs e candidatos a galã numa mesma novela.
3 – Esperança que Cleyde Yáconis, Fernanda Montenegro e Aracy Balabanian iluminem, pela simples presença e efeito-demonstração, as jovens atrizes do elenco, ainda tão iniciantes em algumas matérias.
4 – Esperança que um dia Tony Ramos enrole a língua e engasgue de tanto falar com esse ridículo sotaque de “novela-spaghetti” – ele e tutti quanti do núcleo toscano da novela.
5 – Esperança que Caroline Dieckmann não envergonhe mais do que já fez no primeiro capítulo. Repórter fazendo “pós-graduação em jornalismo”, com câmera fotográfica pendurada no pescoço, implorando acesso para escrever uma reportagem sobre ciclismo, nem no Tour de France.
6 – Esperança que a personagem de Vera Holtz dê muitas gargalhadas durante a novela, mas invente um sotaque caipira um pouco diferente do que já fez em outra novela. E que continue a ter grandes tiradas, como esta definição que deu para o próprio filho (Reynaldo Gianecchini): “Bonito feito um Deus, mas ordinário feito o capeta”.
7 – Esperança que Francisco Cuoco e Irene Ravache consigam encontrar o tom certo para interpretar um personagem-clichê que Silvio de Abreu adora: o casal novo-rico, “emergente”, sem refinamento, que comete uma gafe atrás da outra. Os exageros da dupla na estreia destoaram do tom geral.
8 – Esperança que os vilões sejam vilões e aprontem bastante. Pelo que apresentaram no primeiro capítulo os personagens de Gianecchini e Mariana Ximenes, de um lado, e o de Werner Shunemann, do outro, a promessa de diversão é grande.
9 – Esperança que a novela das sete, “Tempos Modernos”, aprenda com “Passione” que é possível mostrar não apenas uma São Paulo maquiada, mas também os seus monstrengos – viadutos, prédios feios e gente pobre nas ruas.
10 – Esperança que esse elenco de “Passione” dê margem a muita agitação tanto no Projac quanto nos cantos onde se escondem os paparazzi. Que eles animem a vida dos sites e revistas de celebridades, e de seus leitores, que sofreram durante “Viver a Vida” – uma novela tediosa não só em cena, como também nos bastidores.
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